15 de agosto de 2010 Notícias

Dia 8 de agosto comemorou-se o Dia Nacional do Colesterol. Um marco para lembrar da importância de se ter um controle adequado da medida do colesterol no sangue. Em Marília cardiologistas estão atentos à questão e alertam a população.
Segundo o cardiologista João Carlos Braga chefe da disciplina de Cardiologia da Famema (Faculdade de Medicina e Enfermagem de Marília) o conhecimento que o colesterol elevado e mesmo a ingestão de comidas gordurosas estariam relacionados a uma maior prevalência de doenças cardiovasculares está fazendo 100 anos.
Em 1908 um cientista russo alimentou coelhos com dieta a base de ovos e descobriu que esses animais desenvolviam um envelhecimento mais precoce das artérias. Dois anos após concluiu que a gema rica em colesterol era a causa da doença. Esse conhecimento ficou quase 50 anos sem qualquer valor prático.

No início dos anos 50 pesquisadores da Universidade de Harvard iniciaram estudo sobre o que acontecia com a população da cidade de Framigham, e voltaram às conclusões iniciais do russo. Desde aquela época as avaliações são contínuas em relação à aterosclerose e seus possíveis fatores de risco.
Desse estudo epidemiológico é que saiu a maioria do conhecimento que se tem hoje das causas das principais doenças cardiovasculares, principalmente infarto do miocárdio e derrame. Os pacientes de Framigham que tinham essas doenças apresentavam um ou mais dos fatores: história familiar, diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, tabagismo, estresse emocional, e vida sedentária.
Pesquisas apontam para dois tipos de colesterol
Em relação ao colesterol o conhecimento inicial mostrou que uma taxa elevada era ruim, depois essa associação foi feita com as pessoas que tinham dieta a base de gorduras de origem animal.
Mais recentemente a introdução de uma família de remédios que diminuía o colesterol sanguíneo, as estatinas, mostrou diminuir o colesterol, e a melhor notícia, estatisticamente diminuir a chance do indivíduo ter um evento cardiovascular.
Nos últimos anos ficou claro que havia dois tipos de colesterol, o LDL o “mau” colesterol relacionado a doença e o HDL o “bom” colesterol com efeito protetor. Nesse período todas as diretrizes médicas privilegiaram a ideia que o importante era diminuir o colesterol ruim. Mais recentemente observou-se que tão ou mais importante que isso era obter uma elevação do HDL, não bastava somente se concentrar no colesterol ruim.

Estudos da placa de aterosclerose são intensificados

O cardiologista João Carlos Braga cita ainda estudos recentes da placa de aterosclerose e a observação daquilo que se chamou de placas “moles” e placas “duras”. Tudo depende da composição da placa em relação aos componentes: lipídico (gordura), e fibrose e calcificação (tecido de cicatrização).

As placas com maior composição de gordura são mais instáveis, tendem a romper e a seguir facilitam a formação de coágulo obstruindo a luz do vaso e consequentemente levam ao infarto.

As que têm maior composição de fibrose (cicatrização) e calcificação são mais duras, mais estáveis e apresentam evolução mais favorável. Podem ficar anos sem maiores consequências para os seus portadores.

Quanto maior o LDL maior a chance de a placa ser mole ou instável, daí a importância dessa fração lipídica. O HDL tem um efeito reverso retirando o colesterol ruim da placa, e isso pode ser fundamental, inclusive para regressão desta placa.

A tendência atual é valorizar níveis mínimos ideais de HDL colesterol no plasma que para o homem seria 40 e para a mulher e os indivíduos diabéticos seria 50 mg/dl. Ter uma alimentação adequada e a prática regular de exercícios contribuem para se atingir essas metas, finalizou o médico.